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Agitadores

Nunca em toda a minha vida me senti tão bem representada por Fernando Pessoa quanto quando ele escreveu "As sociedade são conduzidas por agitadores de sentimentos, não por agitadores de ideias". Estava sentada em uma cadeira de balanço com o notebook nas mãos procurando na paisagem algo que despertasse em mim a vontade de lhes dizer algo. Não achei. Por isso em momento de desespero velado procurei entre os tanto a que me inspiram algo que despertasse em mim qualquer sentimento. E disse Pessoa " conduzido por agitadores de sentimentos". E eu afoguei. Durante todo esse tempo estive nadando em meus sentimentos lutando contra eles, nadando contra a corrente. Sofri. E só então percebi que se não fosse as pessoas que se perdem em seus sentimentos essa sociedade em que vivemos nem existiria.  Mas como exemplicar algo tão simples. Como descrever o óbvio.  Me perguntei por semanas, mas não consegui resposta alguma. E quem sabe quando conseguirei tal resposta. Talvez

Tudo o que eu não falei pra você!

Cara, se você soubesse a quantidade de coisas que eu escrevi pra você. Quantos presentes comprei e não entreguei. Quantas dedicatórias não rabisque. Ah se você soubesse. Talvez entendesse que meu amor era muito grande. Talvez conseguisse entender todas as vezes que me pegou chorando, talve compreendesse a grandeza do meu silêncio.   Ah se você soubesse quanta coisa eu escrevi pra você. Você com certeza entenderia minha raiva, saberia de cor meus dias cinzas, amargaria a minha tristeza.  Se você soubesse quanta coisa você não sabe, me amaria mais, com certeza. Mas me odiaria muito, muito mais.  O que não importa agora, né.  Já que meu livro de memórias vai ser queimado na lareira e você nunca, Nunca vai saber quanta coisa eu escrevi pra você.

Perdi

  Tive durante muito tempo da minha vida sonhos. Não aqueles patéticos de me formar na faculdade ou trabalhar em uma boa empresa. Não! Esses são sonhos fracos, não possuem vigor. Patéticos. Não, esses não. Meus sonhos passavam das nuvens. Iam longe. Tipo encontrar o grande amor.   O grande problema é que em algum momento, não que eu saiba exatamente onde, mas em algum momento tudo acabou. Não eu, lógico. Mas os sonhos. E eu não consigo nem lembrar onde e como sonhar. E por mais que eu tente perguntar aos meus amigos, colegas e familiares, nem eles sabem. Estão todos ocupados. Muito ocupados.  Uma loucura essa vida sem sonhar. Eu estou ocupado também, claro. Ou deveria estar. Talvez eu sonhe em não sonhar.

Maríz Quintilla

  I Cinco horas em ponto. Acho incrivel a minha capacidade de levantar exatamente no mesmo horário todos os dias. A rua ainda está em silêncio e isso é bom, detesto toda aquela gritaria, os cavalos, as risadas estridentes. Não sei como conseguem serem tão felizes enquanto tanta gente sofre. A maior parte dessas pessoas me enoja. Mas sou obrigada a conviver com eles. Bom pelo menos o faço o mínimo possível. Realmente não sei como consigo fazer um chá tão ruim assim. Minha mãe reprovaria os meus dotes femininos, diria que foi por isso que não me casei. Mas ela está enganda não me casei porque não suporto a ideia de um homem mandando em mim e escolhendo o que devo vestir, falar e comer. Sem contar que não poderia fazer o que faço com tanta paz. Muito me admira que em pleno século XV ainda esperamos que os homens tomem conta de nossos patrimônios e moral. Até quando isso será assim? Uma pergunta que ouso fazer em voz alta. Muitos reprovariam a minha audacia e provavelmente me colocariam em

Alpha - 23 | Parte I

       Hoje é 20 de agosto, amanhã irei a capital á trabalho, recebi hoje a ligação de que há um possível novo patógeno em desenvolvimento. Montaram um centro de análises no Hospital Santa Casa de Misericórdia. Escondido novamente, assim como o Covid, a valer por tudo o que aconteceu nos últimos dois anos não sei mais se realmente é uma boa ideia manter tudo em silêncio de novo. Mas não sou eu quem monta as regras. Estou me preparando para a viajem, ainda não sei quanto tempo ficarei lá e nem se de fato é um novo patógeno ou mais uma variante que ainda não foi listada. Permanecerei gravando todas as minhas sessões e estudos. Espero que consigamos uma solução rápida e prática que não resulte em mais isolamento. O vôo para a capital está marcado par as dezoito horas e... bom trinta e três minutos como diz o e-mail. Eu não sei onde coloquei as minhas credenciais, eu com toda certeza sou a médica mais desorganizada da história. Meus pais acreditam que estou indo para mais uma palestra das

Pai Contra Mãe

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http://thaislinhares.blogspot.com/2018/09/machado-de-assis-hq-pai-contra-mae.html Ontem eu li um conto, na verdade um reconto, um conto machadiano reescrito por Luís Dill. O conto? Pai Contra Mãe. Li com afinco, pois a historia me pareceu intrigante e não conseguia entender como aqueles personagens iriam se encontrar, como aquelas vidas tão distintas iriam se entrelaçar. Mas se intrelaçaram, o negócio ficou dramatico e agora eu já não conseguia parar de ler. Mas quando chegamos ao clímax e eu me dei conta de tudo o que estava acontecendo fiquei puta. Gente que história mais macabra, que coisa mais desesperadora. Fiquei brava. Com Machado de Assis e com Luis Dill, como assim eles se atreviam a me contar uma história tão horrosa sem nem me precaver do que estava por vir. Ninguém me disse: Hey, história dura pela frente. Nada. Nem uma letra em vermelho. Nem um sinal. Fiquei brava. Desesperada. Triste. Não conseguia de maneira alguma imaginar como ficaram aqueles personagens sofridos depoi

Dragão

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                                                        ⚠️ ALERTA DE GATILHO ⚠️ este texto contém distorção da realidade e conteúdo violento para algumas pessoas, conteúdo ficticio sem base em histórias reais . Enquanto caminhava de volta para casa, depois de uma jornada detestável de trabalho, pensava em como a vida era bela. Sentia o vento frio em seu rosto naquela tarde de julho. O céu estava cinzento e havia chovido alguns minutos antes de seu expediente acabar. O clima estava muito agradavel. Não tinha pressa então resolveu fazer o caminho mais longo até a estação de metrô e quando chegou resolveu caminhar mais um pouco até a próxima. Neste momento se deu conta da sua tristeza. E percebeu que andar na calmaria daquela avenida lhe era mais agradavel que chegar em casa depois de um longo dia de trabalho. Por fim desceu as escadas da estação. Trem. Ônibus. E mais uma caminhada. A porta de sua casa parecia mais cinza que o céu. Tentou entrar em silêncio para não acordar o

Senhorita Sorriso II

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Eu queria ir a festa! Óbvio  Eu só não queria socializar. Óbvio Então depois de tirar as fotos Me sentei Óbvio  Não tão óbvio? Uma menina linda vinha caminhando com a minha irmã na minha direção. Fiquei feliz?  Não  Óbvio  Eu não queria conversar. E a menina estava com uma maquiagem realista que me impedia de beijá-la  Depois descobri que a menina era ainda mais pertubada que eu. Agora, mas do que nunca, queria ficar sozinha. Óbvio  Ela não parava de falar Deus do céu! Como fala essa menina  Mas ela era realmente linda, Quando a noite acabou Fomos embora e eu não parava de pensar na senhorita sorriso E durante meses fantasiava na minha cabeça que estava paixonada por que sua história se parecia com a minha ou porque sua alma flutuava entre a completa escuridão e o mais alto brilho do universo.  Tudo mentira  Óbvio  Ela só era bonita E eu não estava apaixonada. 

Corações Partidos

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Quando eu recebi aquela carta não acreditei que aquilo podesse ser verdade, alguém enfim entendia o que eu estava sentindo, talvez eu tivesse encontrado alguém que pudesse me compreender. Alguém que me notasse de verdade, que não fosse me abandonar. Eu me senti tão especial, tão linda, tão incrível. Mas, espere, talvez tenha sido engano. Talvez essa carta seja pra outra. Talvez errou o endereço e o nome coincidiu. Eu não sou tão especial, ninguém prestou atenção em mim até agora, isso só pode ser coincidência. Outra? Outra carta, sim. Endereçada a mim, a mim novamente. Não. Dessa vez não é engano. Como pode ser? Como se parece comigo. Como temos tanta coisa em comum. Ele quer vir me ver. Quer me conhecer. Não! Se me vir. Se conversar comigo não mais se interessará por mim. Irá embora para sempre. Não posso. Mas. Não posso esperar e se fomos feitos um para o outro e se for meu príncipe encantado vindo me resgatar. E se ... Finalmente respondi a carta, as vezes acho que nã

Televisão

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                                                                                   I     Quando acordei de manhã  definitivamente não estava esperando o que estava por vir. Acordei as 06:00h como de costume, animado, hoje iriamos votar na abertura, ou não, da CPI de Canuari. Eu estava confiante, nos tínhamos provas o suficientes para poder abrir este processo. Estava as falas do discurso em frente ao espelho enquanto escovava os dentes. Eu era imbatível e o caso estava muito bem processado, com certeza nós iriamos desmontar mais este esquema de corrupção tão clara. Estava muito animado. Enquanto vestia minha camisa branca lembrei de uma da falas masi recorrentes de minha irmã: - Você parece uma criança! De fato naquele momento enquanto descia assim escadas para o terreo sentia uma alegria infinda, assim como uma criança.   Me surpreendi quando a companhia tocou, tão cedo! Quem poderia ser? Eu não tinha nada planejado para antes da reunião na Câmara. A campanha toca mais uma

Ana

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Quando Ana entrou na delegacia com a bolsa preta e o mau-humor estampado na cara ouviu risos . Nada a deixava mais irritada que saber que haviam policiais rindo, soltou a bolsa no chão empunhou a arma e seguiu o som das risadas. Quando chegou na última sala do corredor fedorento da delegacia não acreditou no que viu, aqueles porcos faziam um menino magricela e coxo correr pela sala. - Que porra é essa? -  ela era uma mulher que botava medo só de olhar. Pele escura como chocolate amargo e o cabelo black a faziam parecer um desenho de tão harmônico, o corpo pequeno a transformava em uma princesa da Disney. Na verdade ninguém nunca teve medo dela, mas sim do seu jeito explosivo. Não sabiam até onde sua sanidade ia. Tinham medo de que em segundos pudesse matar uma pessoa na unha. Era arretada a mulher. Disso tinham medo. Mas voltando a cena. - Que porra é essa? E o guri a olhou com os olhos inchados e vermelhos, ofegante e com as costas em brasa. Os policiais pararam de rir e sabiam que

Noite de verão

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Estava muito quente aquela noite. Não um calor agradável. Sim um calor de deserto. Mas não era bem com isso que eu estava preocupada. Estavámos jantando, todos. Mãe, pai, meus dois irmãos. Eu fingia comer aquela torta de frango. Detesto torta de frango, mas minha mãe fazia sempre que um dos meus irmãos quisese comer. Não lembro a última vez que comemos macarronada. Amo macarrão. Mas acho que sou só eu. Terminei de comer e subi pro meu quarto. Já era habitual então ninguém questionou minha decisão. Aguardei ansiosa que todos fossem deitar. Adormeci. Acordei eram duas e quinze da manhã. Não me sentia bem, parecia mais cansada. Levantei com muito custo. Duas e dezenove. Eu não me sentia triste. Muito menos medrosa. Era só a solução. A vida nos da problema esperando ansiosa a nossa resolução. Deus é um professor de matemática. E eu resolvi a equação. Estava agora tirando o fardo da minha família. Eles não precisavam de mim e da minha confusão. Eles não er

Woshington

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Quando pensei nessa personagem queria - a forte e imponente, uma personagem de garra. Queria encontra-lá entre grandes nomes da literatura quanto da politica do país. Queria que ela fosse única e quem a lesse se sentisse inspirado. Mas não controlo a parideira de ideias e ela me pariu Woshington um secretário de uma empresa qualquer. Sem diploma ou curso que lhe diferênciasse de qualquer outra pessoa. Estava ali simplesmente para ganhar o dinheiro pouco que recebia ao final de cada mês. Senti pena dele. Depois me recompus, não sinto pena de ninguém, nem das criações patéticas que produzo. Ele estava ali porque quis. Afinal é isso que escuto. Acompanhei-o pelos corredores de onde trabalhava como uma sombra, afinal era isso que eu era. E além de mim ninguém mais parecia saber que ele existia, eu não consegui entender o que ele realmente fazia, a sua função naquele lugar. Por que o contrataram? Mas acho que nem ele mesmo sabia. Ele ficou até mais tarde ajudando um cara a terminar um r

Rotina

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Eram quatro horas da manhã O dia começou chuvoso Comigo na cama Elisabeth e Carmem, minhas gatas Curtiam comigo a preguiça de segunda-feira Não tinha vontade alguma de levantar Levantei. Um dor de cabeça já me assombrava. Coloquei a chaleira vermelha no fogo para o chá de camomila Nenhum isqueiro a vista, procurei o fosforo no armario Nota mental: limpar o armario que cheira a mofo Tinhamos torrada para o desjejum Odeio torrada. Lembrar de passar no mercado. Tomei um banho demorado enumerando os motivos que tinha para ir trabalhar Motivo um: sobreviver. Sai atrasada. Um porre o serviço Queria mesmo um porre de conhaque Gente chata que fala demais E a dor de cabeça que não passa. Faço cara de paisagem e finjo que estou entendendo tudo. Aquela puta gorda com a erchape no pescoço acha que é a chefe Queria saber onde ela compre tanta erchape. Podia não vir trabalhar amanhã e fazer meu dia mais feliz. Os olhos da minha chefe passam serenidade. Não sei onde ela t

Diário

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Hoje eu sentei para escrever, decedi que faria um diário e que a partir de hoje me conheceria melhor. E que depois dessa jornada poderia até participar desses coachings e dizer para milhões de pessoas que eu tinha superado todos os obstáculos da vida. Sentei, peguei a caneta, uma caderno velho que nunca usei par nada e nada aconteceu. Pesei que seria algo fácil, que olharia para o papel e saberia o que fazer. MAS não.  Me seintei direito na cama, talvez fosse minha postura, isso não é postura de quem escreve. Não adiantou. Agora já estava começando a ficar agoniada, olhava para todos os cantos do meu quarto me perguntando o que caralhas eu deveria escrever em um diário. Aparentemente minha mente pertuda não coseguia decidir o que deveria escrever. Resolvi descrever o meu dia. Me levantei , não. Espera, não foi desse jeito. Eu estava dormindo um sono gostoso não que eu me lembre, não lembro, mas pela raiva que acordei quado o celular despertou o sono devia estar maravilhoso. Desl

Senhorita Sorriso

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Queria dizer que seus lábios são doces como seu nome Mas a verdade é que eu estava perdida demais em mim mesma para prova-los Inventei minhas doenças, sintomas e comecei todas as minhas síndromes Sofri por conter minhas vontades e amarrei o que em mim queria crescer Aquela noite fiquei com medo de toda a sua decisão Inventei que tu nunca seria minha, mas deitei a cabeça e te provei em sonhos Mostrei o meu lado sem graça e você sorriu, com esses lábios que eu tenho certeza são tão doces quanto teu nome. Então deixei de lado essa bobagem de ser gente grande, até porque nunca gostei disso mesmo. Vem com esse olhar calmo e com todo esse jeito sexy. Fica comigo Aceita sair comigo sem rumo, sem destino. Acorda comigo cada dia em um lugar diferente Fica comigo assim sem pretensão de nada. Estamos mesmo perdidas e não nos encaixamos nesse mundo. Vamos para a próxima galaxia viver do jeito que der. Só aceita estar comigo. Esquecer o que esse mundo fez conosco

Noite

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Sentei para ler um livro que estava na minha cabeceira havia meses. O coloquei ali para que me distraísse antes das minhas noites mal dormidas, mas a única coisa que faço antes de me revirar na cama é pensar em como as todas coisas que não são, poderiam ser. Me culpo pelas coisas que não fiz, e mais pelas  que fiz. Sofro por todo o amor que não vivi e imagino a cor dos olhos da mulher que me levará ao altar. Sinto, nessas horas, uma dor forte no peito. Rezo para que seja um infarto. Estou farta dessa vida sem graça, dessa mesquinhez. Da tristeza dos adultos que se conformam com as coisas que detestam. Da calmaria de quem não gosta do que vive e nem ao menos sabe porque vive. E não ama a mulher que beija, e não goza quando fode, e não sente afeto quando abraça. Que conversa apenas para manter as aparências, que ri para mostrar o aparelho e que come o que não gosta gastando um dinheiro que não tem para manter um status que não vive. Sentei com esse livro e abri-o na página um, mas n

Menino

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Sabe menino eu queria te falar tanta coisa. Um bocado eu não sei nem por onde começar. Tu é menino-homem. E eu não me conheço então não sei. Queria falar que gosto de ti, que penso em você todo dia. Mas tenho tanto medo. Eu perco o controle constantemente e é por isso que me afasto. É mais simples, é mais seguro. Eu tenho tanto medo, medo das coisas simples do que é comum. As pessoas não entendem e nunca vão e eu acho que você também não entende, só me olha com esses olhos perdidos tentando entender, tentando dar um jeito das coisas fazerem sentido. Eu queria que você soubesse das minhas coisas, que você soubesse o que eu sinto, o que eu penso, mas ainda não dá. Sabe menino a vida também não é fácil para você. Eu imagino quanto deve ser barra para ti, como deve ser difícil. Eu não sei se você tem tanto medo quanto eu, não sei se você acha que as coisas não vão dar certo, nem espero que você me aceite assim. Eu tô me perdendo de novo descendo ao fundo do poço. Eu sei que vou sobrev

Histórias de minha vó

Ela parou o bordado que estava fazendo, disse-me que contaria coisas que lhe aconteceram na infância. Disse "o povo jovem de hoje não sabe viver, muito menos amar." Quando começou a história já estava assim pela metade, coisa de gente dessa idade. Ela usava óculos redondos que lhe cobria os olhos, tinha a boquinha miúda e usava uma blusa de pano molhe cheio de flores, tinha muita marca no rosto do povo do sertão que foi castigado pelo sol. E quando começou a historia tinha os olhos fundos em mim pra que não me perdesse da contação. "Quando eu tinha a sua idade, um pra mais, um pra menos." Ela queria dizer 15 anos, eu já tinha 19. "Me apaixonei por um moço bonito, muito trabalhador, que foi fazer vida no Rio de Janeiro, disse que esperasse por ele que logo vinha me buscar, mas depois de dois meses falei pra mainha que ia me embora pro Rio pra poder casar. Minha mãe disse que nunca que me largava pra ir pr'outro estado sozinha muito menos pra casar com ho

Apartamento 12

Seus lábios sempre pintados de vermelho num largo sorriso que distribuía aos transeuntes da noite, ia sempre ao Clube dos Canalhas, já lhe era familiar. O gosto forte do gim e do veneno. Nunca iria conhecer o paraíso com o qual muitos sonhavam, mas já sabia disso também. Aquela hora já não havia nenhum anjinho vagando, só vagabundo andando, trapaceiros salivando, mas não se importava ele era sua missão e nada poderia detê-la. Era uma noite só, tinha prometido não fazer mais isso do que sabem os viciados? Lhe diziam para parar somente por não saber como conseguir. Lhe diziam que haveria coisa melhor, mas bem se sabe que não há nada melhor. Nada melhor que os gritos prazerosos, nada melhor que os seios mordidos, nada melhor que as costas marcadas, nada melhor que os corpos sincronizados, nada melhor que os olhares de desejos, nada melhor que os sussurros quentes, nada melhor que os beijos no ventre, nada melhor que o ritmo frenético, nada melhor que as palavras possessivas, nada melhor q